Novo espaço busca suprir demanda dos acolhidos e facilitar rotinas de leitura
A Prefeitura de Florianópolis, através da Secretaria de Assistência Social, realizou na última quinta-feira, 14 de julho, a inauguração da Biblioteca Cidadã da Passarela da Cidadania, local destinado às ações de estímulo à leitura junto às pessoas em situação de rua acolhidas no serviço.
O acervo de livros, que já vinha sendo construído há algum tempo, passou recentemente por um processo de organização, de ao menos três meses, coordenado pela voluntária via Fundação Somar, Daniela Spudeit, bibliotecária e professora do curso de biblioteconomia da Udesc."Tínhamos estantes de madeira e alguns livros. Aí começamos a arrecadar outras obras através de doações, recebemos estantes de aço via Biblioteca Pública de Santa Catarina e materiais de papelaria cedidos pela Udesc. Foi uma mobilização para criar um acervo pra cá, mais direcionado, além de melhorar a estrutura."
Estruturar uma biblioteca vai de encontro com o interesse dos acolhidos pela literatura, confirmado em pesquisa de doutorado que Daniela fez no ano passado no local. "Desde a minha pesquisa, sabemos que há um interesse dos acolhidos pela leitura em geral, mesmo com a rotatividade característica do serviço. É uma forma que encontram de deixar a realidade deles e acessar mundos de fantasia, de imaginação".
Lenir Oliveira, de 48 anos, foi convidado para cortar a faixa de inauguração do espaço. Acolhido no serviço, vê a abertura da biblioteca na Passarela da Cidadania com bons olhos. "Ler um livro é buscar sabedoria, uma coisa que vai fazer muito bem para nós acolhidos, para usarmos parte de nosso tempo com algo tão bom. São muitas opções de livros, com temáticas variadas e que me interessam bastante".
Orientada por padrões internacionais de biblioteconomia e pelo mapeamento de interesse elaborado pela bibliotecária, a disposição dos livros - hoje cerca de mil exemplares - foi feita por assuntos e gêneros. Obras de ficção, poesia, teatro, romance, drama, podem ser encontradas em um setor. Materiais didáticos e de variedades, como matemática, política, meio ambiente, estão dispostos em outro.
A montagem do espaço espera facilitar rotinas de leitura. "Enquanto estava tudo muito misturado, eles deixavam até mesmo de saber que existiam certas obras. Dessa forma que estamos organizamos vai facilitar e melhorar muito o acesso, despertar a vontade e o interesse, com uma disposição mais intuitiva", reforça Daniela.
Para a pedagoga e educadora social do serviço, Silvana Espírito Santo, a Biblioteca Cidadã vai influenciar em outra dinâmica importante. "Ofertar esse espaço, com uma boa curadoria, permite que os acolhidos que estudam, por exemplo, e estão imersos em aprendizados baseados em metodologias de pesquisa, tenham o espaço como local de apoio. Se o tema de um trabalho envolver o meio ambiente eles poderão chegar aqui e procurar bibliografias relacionadas sem enfrentar dificuldades. Abre-se essa possibilidade de estudar com materiais complementares".